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O vaginismo é definido como uma contração recorrente ou persistente da musculatura do assoalho pélvico, quando tentado ou previsto a penetração vaginal seja ela com o pênis, dedo, tampão ou espéculo. Essa contração pode variar de ligeira à grave podendo dificultar ou até mesmo impedir a penetração vaginal. (American Psychiatric Association, 2000). Mulheres com vaginismo geralmente apresentam desejo, excitação e orgasmo porém através de outros estímulos sexuais que não envolvam penetração vaginal (ANTONIOLI e SIMÕES, 2010).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia a prevalência dessa disfunção vai de 10 à 20%, sendo mais frequentes em mulheres de 18 à 25 anos e acima de 60 anos.

Uma das causas para a ocorrência do vaginismo é ansiedade fóbica das mulheres antes da penetração vaginal. Os fatores psicossociais estão geralmente ligados à educação sexual castradora, punitiva e/ou religiosa e a vivências sexuais traumáticas (LOPES et al, 2003). No entanto, a etiologia pode também ser primariamente física. De fato, mulheres com suspeita desse diagnóstico devem ser alvo de um exame cuidadoso, já que uma avaliação básica pode não encontrar apoio para as suas queixas (SILVA, 2009). Apesar do diagnóstico de vaginismo ter sido descrito pela primeira vez há mais de cem anos, continua a ser pouco diagnosticado e subtratado (CARVALHO et al, 2016).

  • O tratamento desta disfunção engloba uma equipe multidisciplinar. Psicológico, uma vez que a causa dessa disfunção é psicossomática e que gera um transtorno devastador na vida do casal; Médico, pois é necessário que sejam excluídas as possibilidades de infecções ginecológicas ou urinárias que possam gerar a dor, além de exames e em alguns casos terapia medicamentosa para ansiedade/depressão e o tratamento Fisioterapêutico que tem indicação primária (AVEIRO et al, 2009; EAU Guidelines on Chronic Pelvic Pain, 2010; The vulvodynia guideline, 2005). São recursos do tratamento fisioterapêutico:
  • Autoconhecimento da anatomia: cabe ao fisioterapeuta educar, informar e motivar a paciente a reconhecer suas estruturas anatômicas, tornando assim a mulher mais esclarecida e confiante.
  • Técnicas de relaxamento: pode-se começar a abordagem da fisioterapia com técnicas de relaxamento corporal e alongamentos.
  • Termoterapia: a paciente pode sentar em uma compressa morna ou realizar banho de assento em água morna ou utilizar dispositivos que podem ser introduzidos na vagina com conteúdo interno preenchido com água morna.
  • Terapia manual: se houver presença de trigger points, este recurso pode contribuir bastante para o alívio do quadro álgico no canal vaginal e na musculatura acessória. Além disso, possui importante papel no alongamento e relaxamento dos músculos vaginais.
  • Dilatadores vaginais: podem ser incentivados inclusive para uso domiciliar diariamente. Essa técnica motiva bastante e promove maior auto confiança, uma vez que os dilatadores são graduados de diferentes calibres.
  • Eletroestimulação: é um recurso muito importante na dessensibilização vaginal, pode ainda ser utilizado para fadigar a musculatura reproduzindo contrações intensas com o objetivo de “cansar” o músculo e inibir espasmos musculares.
  • Biofeedback: com o objetivo de melhorar o controle da musculatura do assoalho pélvico, promovendo de forma voluntária o relaxamento e a contração perineal quando solicitado. A paciente poderá visualizar por meio de um gráfico a contração e o relaxamento desenvolvendo assim uma maior percepção e controle da musculatura.
  • Cinesioterapia: exercícios de Kegel, técnicas manipulativas da pelve, reeducação postural, alongamentos… São recursos gerais que se bem indicados podem contribuir bastante no processo de cura.
  • Radiofrequência perineal: recurso que pode acelerar o processo de relaxamento da musculatura do assoalho pélvico.
  • Dentre outros recursos

Se os recursos são bem indicados por um profissional especializado em fisioterapia pélvica, após avaliação minuciosa da paciente, o processo de resolução desta disfunção costuma ser bastante rápido, em alguns casos não são necessárias mais do que 10 ou 15 sessões. Em casos mais graves é possível que a paciente necessite realizar um número maior de atendimentos. Não podemos esquecer que fatores psicológicos podem inferir bastante para um bom prognóstico.

Apesar desta disfunção devastar de forma avassaladora a vida da mulher, e ser uma das causas mais frequentes de casamentos não consumados, gerando conflitos conjugais e até mesmo a infertilidade, o vaginismo apresenta 100% de cura!

Dra Fernanda Pacheco (CREFITO2:109096F)

Fisioterapeuta especializada em Fisioterapia Uroginecológica e Obstetrícia; Diretora técnica da Clínica Urofisio (Rio de Janeiro); Membro da câmara técnica de fisioterapia Uroginecológica do CREFITO2; Membro da ABRAFISM; Autora do blog Vaginismo & Fisioterapia e Colunista da revista eletrônica Superela.

Referências:

AVEIRO, Mariana Chaves; GARCIA, Ana Paula Urdiales; DRIUSSO, Patrícia. Efetividade de intervenções fisioterapêuticas para o vaginismo: uma revisão da literatura . Fisioterapia e Pesquisa, [S.l.], v. 16, n. 3, p. 279-283 , sep. 2009. ISSN 2316-9117.

Disponível em:  https://www.revistas.usp.br/fpusp/article/view/12147

Acesso em: 15 sep. 2017. doi:http://dx.doi.org/10.1590/S1809-29502009000300016.

American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders: text revision. 4th ed. Washington; 2000
ANTONIOLI, Reny de Souza; SIMÕES, Danyelle.

Abordagem fisioterapêutica nas disfunções sexuais femininas. Revista Neurociências, Teresópolis, v. 18, n. 02, p.267-274, 24 ago. 2010
Lopes GP, Claro JA, Rodrigues Júnior OM. Disfunções sexuais femininas. Int Braz J Urol. 2003;29(4):29-34.

Silva MCA. Vaginismo/dispareunia. Revista da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. 2009;20:143—8.

Carvalho JCGR, et al. Terapêutica multimodal do vaginismo: abordagem inovadora por meio de infiltrac¸ão de pontos gatilho e radiofrequência pulsada do nervo pudendo. Rev Bras Anestesiol. 2016. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2014.10.005

The vulvodynia guideline. Hope K. Haefner, Michael E. Collins, Gordon D. Davis, Libby Edwards, David C. Foster, Elizabeth Dee Heaton Hartmann, Raymond H. Kaufman, Peter J. Lynch, Lynette J. Margesson, Micheline Moyal-Barracco, et al. J Low Genit Tract Dis. 2005 Jan; 9(1): 40–51.

EAU Guidelines on Chronic Pelvic Pain. Fall, Magnus et al. European Urology , Volume 57 , Issue 1 , 35 – 48,2010

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